Thursday, September 23, 2004

»»» Leonard Cohen revisitado «««



um amplo salão vazio, odor a bafio, obscuridade e uma voz em penumbra… a de Raymond Raposa, que lidera um curioso grupo de São Diego – Castanets
um avant country psicadélico, inovador, os instrumentos rangem em harmonia naquele extenso salão e assustam-se reciprocamente, sem grito. Correm, escondem-se e, em silêncio, voltam a espreitar-se, deslizam em desconfiança decrescente, e tocam-se… e numa imensa mansidão, desprende-se um assombroso Cohen, voa uma voz angélica de Bridgit DeCook até ao divino…

Castanets – Cathedral
2004, Asthmatic Kitty Records

Wednesday, September 15, 2004

...ao Sr. Bagão Félix (Trabalhar, trabalhar)...

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...Dlão!... Dlão!...Dlão!...
Seis horas – bate o sino na cidade.
Saltam homens, mulheres e crianças,
Do leito consolação.
Os únicos pensamentos; não chegar tarde,
À fábrica, ao barracão onde trabalham...
Oh trabalhar, trabalhar,
Já não há esperanças,
Já não há solução,
De ver terminar
O tormento da civilização!

Correm homens atarefados,
Tropeçam mulheres em crianças e máquinas.
Correm homens preocupados,
Por entre massas injectadas,
No delírio da evasão.
Correm máquinas por cima de máquinas;
Oh, pobres diabos sem razão;
A vida para eles é trabalhar, trabalhar,
Em estrondo e confusão.

Correm, aceleram máquinas por cima de máquinas,
Para não deixarem fugir o dia
E caoticamente, chocam máquinas noutras máquinas,
Mutilando-se, semi – destruídas...
Mas as máquinas continuam a correr,
Senão acabam suas vidas,
E sem jamais pararem,
Aceleram, voam, chocam até se acabarem,
Pois como estão programadas suas mentes;
A vida delas é trabalhar, trabalhar...

PTL, Nov.1990


:: Coleman, working on chores

Tuesday, September 14, 2004

...songs for someone...

SE OS BEIJOS FOSSEM GÔNDOLAS



se os beijos fossem gôndolas,
em girândolas de carinhos
e o amor, tômbolas da sorte
de te conhecer,
e entre meu e teu coração,
o macio pêndulo de mágicas horas…

p.l., 24.07.04

...do mar bordeau ao mar abissal...

em Março de 2003, surgiu no espaço o meu e-diário do Diário Digital, o Antoniologias, um weblog num mar bordeau, onde teu sangue e a poesia se confundiram durante meses… aqui, agora, na negritude da cicatriz sanguínea, prossegues a Antoniologia Poética… ao já velhinho DD (Diário Digital) o teu obrigado pelo espaço concedido durante todo este tempo…