Wednesday, September 16, 2009

- mackie messer (bertolt brecht/ kurt weill) -

Und der Haifisch, der hat Zähne
Und die trägt er im Gesicht
Und MacHeath, der hat ein Messer
Doch das Messer sieht man nicht

An 'nem schönen blauen Sonntag
Liegt ein toter Mann am Strand
Und ein Mensch geht um die Ecke,
Den man Mackie Messer nennt

Und Schmul Meier bleibt verschwunden
Und so mancher reiche Mann
Und sein Geld hat Mackie Messer
Dem man nichts beweisen kann

Jenny Towler ward gefunden
Mit 'nem Messer in der Brust
Und am Kai geht Mackie Messer,
Der von allem nichts gewußt

Und die minderjährige Witwe
Deren Namen jeder weiß
Wachte auf und war geschändet
Mackie welches war dein Preis?

Refrain
Und die einen sind im Dunkeln
Und die anderen sind im Licht
Doch man sieht nur die im Lichte
Die im Dunklen sieht man nicht

Doch man sieht nur die im Lichte
Die im Dunklen sieht man nicht



:: voz do além de Lotte Lenya

Monday, September 14, 2009

- a nossa cama é a nossa liberdade imediata (luíz pacheco) -


Cá em casa a nossa cama é a nossa liberdade imediata. Tem os nomes que quiserem. É a cama do pai de família, austero e mandão, ou do dorminhoco pesado quando regressa embriagado para casa. É a cama do libertino. É o leito (suponhamos!) Luís-Qualquer-Coisa, XV ou XVI, do milionário, porque nela somos reis e milionários de ternura e de abraços, de palavras ciciadas; e é o catre sem lençóis, fracas mantas, e mau cheiro, do maltês que não sabe para onde o destino o manda (e somos isto, e que de longes terras viemos! quantos naufrágios! quanta coisa fomos largando para facilitar a marcha até aqui!), a enxerga do pedinte (e nós o somos também: porque temos falta de tudo e porque acordamos de manhã sem uma bucha de pão para dar às crianças e sem saber ainda onde o ir buscar).

:: Extracto de: "Comunidade" - Luíz Pacheco (Contraponto, 1964)
:: imagem retirada de: The Cloister, Museum and Church of Saint Peter Claver (1580-1654) Cartagena, Colombia

Wednesday, September 09, 2009

- explicação do poeta (daniel faria) -

Pousa devagar a enxada sobre o ombro
Já cavou muito silêncio

Como punhal brilha em suas costas
A lâmina contra o cansaço

- extraído de: "Explicação das Árvores e de Outros Animais" (1998)
- foto: Dead of Night #4 (Ottawa, Ontario, 2009)

Sunday, May 04, 2008

- crescer, esperar, eternidade -


O tempo não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada. Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir. O verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade.
texto - Rainer Maria Rilke
imagem - Lund Torrol, heliotroped

Sunday, September 09, 2007

...o inesquecimento...


Sunday, November 26, 2006

...sua voz era (é) um som maior...


Rua do Ouro

Ai dele que tanto lutou e afinal
está tão só. Tão sòzinho. Chora.
Direcção da Companhia Tantos de Tal.
Cincoenta e três anos. Chove, lá fora.
Chora, porquê? Ora, chora.
Uma crise de nervos, coisa passageira.
É, talvez, pela mulher que o adora?
(A êle ou à carteira?)
Seis horas. Foi-se o pessoal.
O homem que venceu está sòzinho.
Mas reage:que diabo. Afinal...
E olha para o cofre cheínho.
Sim estou só ainda bem porque não? ele diz
batengo com os punhos na mesa.
Lutei e venci. Sou feliz
E bate com os punhos na mesa.
Seis e meia. Ó neurastenia
o homem que venceu está de borco
e sente uma grande agonia
que afinal é da carne de porco
que comeu no outro dia.
É da carne de porco ele diz
vendo a chuva que cai num saguão.
É da carne de porco. Sou feliz.
E ampara a cabeça com as mãos.
Durante toda a vida explorou o semelhante.
Por causa dele arruinaram-se uns cem.
Agora, tem medo. E o farsante
diz que é feliz diz que está muito bem.
Sim, reage. Que diabo. Terei medo?
E vê as horas no relógio vizinho.
Mas, ai, não é tarde nem cedo.
Ele, que venceu, está sòzinho.
Venceu quem? Venceu o quê? Venceu os outros
Os outros, os que o queriam vencer!
Arruinou-os, matou-os aos poucos.
Então não o queriam lá ver?
Sim, reage: Esta noite a Leonor
amanhã de manhã o Sàlemos
e depois? Ah o novo motor
veremos veremos veremos
Mas pouco do que diz tem sentido.
Tudo hoje lhe é vago uniforme miudinho.
O homem que venceu está vencido.
O dinheiro tapou-lhe o caminho.
Os filhos? esperam que êle morra.
A mulher? espera que êle morra.
O sóciuo? Pede a Deus que êle morra!
Só a Anita não quer que êle morra!
Ai, maldita carne, murmura
vendo a água que há no saguão.
Tinha demasiada gordura!
E veste o casaco e o gabão.
Passa os olhos pelo lenço. Acabou-se.
Vai sair. Talvez vá jantar?
É inverno. Lá fora, faz frio.
O homem que venceu matou-se
na margem mais escura do rio
ao volante dum belo Packard

Friday, October 13, 2006

:...TEUS OLHOS.MEUS SONS(2)...:



--- olhos - cookie at tin pan alley, nyc (1983,nan goldin)
--- sons - love will tear us apart again(susanna and the magical orchestra)